Cinomose: sintomas, prevenção e tratamento

Cinomose é uma doença grave em cães, mas pode ser prevenida com vacinação. Saiba os sintomas, riscos e como proteger seu pet.

Vet Alexandre Azevedo

5/6/20258 min ler

Cinomose Canina

A cinomose canina é uma doença viral altamente contagiosa e, muitas vezes, fatal que afeta cães em todo o mundo. Causada pelo vírus da cinomose canina (CDV), pertencente à família Paramyxoviridae, pertencente à mesma família do vírus do sarampo humano. A doença ataca múltiplos sistemas do organismo do animal, incluindo os sistemas respiratório, gastrointestinal e nervoso. A prevenção através da vacinação é a forma mais eficaz de proteger seu pet.

No Brasil, a cinomose em cachorro é considerada uma doença endêmica, com uma presença constante em todas as regiões do país. Essa alta prevalência torna a prevenção e a conscientização sobre a doença ainda mais importantes para os tutores de cães brasileiros. Antes da descoberta e da ampla utilização de vacinas eficazes, a cinomose era a principal causa de morte por doenças infecciosas em cães. Apesar dos avanços na medicina veterinária e da disponibilidade de vacinação, a cinomose ainda representa um desafio considerável para a saúde canina em todo o mundo , com um índice de letalidade elevadCinomose é Transmitida?

Cinomose como pega?

A cinomose canina é transmitida principalmente por contato direto com secreções corporais de cães infectados, como saliva, urina, fezes e secreções nasais ou oculares.O vírus também pode se disseminar pelo ar, através de aerossóis produzidos quando um cão infectado tosse, espirra ou late.

Outras formas de transmissão da cinomose incluem:

  • Contato indireto: O vírus pode sobreviver por um período em objetos contaminados, como casinhas, caminhas, cobertores, roupas, comedouros e bebedouros.

  • Transmissão transplacentária: Cadelas infectadas podem transmitir o vírus para seus filhotes durante a gestação, o que pode levar a aborto, nascimento de filhotes mortos ou filhotes que desenvolvem sinais neurológicos precocemente.

  • Período de contágio pré-sintomático: Cães infectados podem começar a liberar o vírus em suas secreções cerca de cinco dias após a infecção, mesmo antes de apresentarem sintomas clínicos. A eliminação do vírus pode durar de 14 a 90 dias.

Ambientes com grande concentração de cães não vacinados, como abrigos, parques e clínicas veterinárias, representam um risco maior de contágio.O contato com animais selvagens infectados, como raposas e guaxinins, também pode ser uma fonte de transmissão para cães domésticos.

Cinomose sintomas cachorro - Fonte Lowvelder

Sintomas da Cinomose em Cães

Os sintomas da cinomose canina são variados e podem afetar diferentes sistemas do organismo do cão, evoluindo em fases distintas . Nem todos os cães infectados desenvolvem todas as fases da doença, e a intensidade dos sintomas pode variar .

As principais fases da cinomose e seus sintomas são:

Fase Inicial (Precoce): Os sintomas iniciais podem ser inespecíficos e incluem :

  • Febre alta .

  • Tosse .

  • Espirros .

  • Secreção nasal, que pode variar de aquosa a purulenta .

  • Secreção ocular mucopurulenta (com pus) .

  • Congestão .

  • Diarreia, que pode ocorrer em particular nesta fase .

  • Hiperceratose das almofadinhas das patas, que se tornam endurecidas .

  • Falta de apetite .

  • Letargia (cansaço e falta de energia) .

Fase Gastrointestinal: Os sintomas nesta fase afetam o sistema digestivo e podem incluir :

  • Vômito .

  • Diarreia, possivelmente com sangue .

  • Falta de apetite .

  • Dor abdominal .

  • Desidratação .

Fase Respiratória: Esta fase indica que a doença progrediu e afeta o sistema respiratório, com sintomas como :

  • Tosse, que pode ser seca ou com secreção .

  • Pneumonia .

  • Secreção nasal mucopurulenta .

  • Dificuldade em respirar .

  • Secreção ocular .

Fase Neurológica (Tardia): Os sintomas neurológicos geralmente se desenvolvem de uma a três semanas após a aparente recuperação da doença sistêmica . Esta é uma fase grave com alta taxa de mortalidade . Os sintomas podem incluir :

  • Vocalização involuntária (como se o animal estivesse com dor) .

  • Alterações comportamentais .

  • Desorientação .

  • Convulsões .

  • Contrações musculares involuntárias (mioclonias) .

  • Andar em círculos .

  • Movimentos de mastigação involuntários (pedalar com as patas) .

  • Ataxia (falta de coordenação motora) .

  • Paresia (fraqueza muscular) .

  • Sinais cerebelares (falta de equilíbrio) .

  • Paralisia .

Fase Cutânea: Em alguns casos, podem ocorrer alterações na pele, especialmente em animais já muito debilitados, incluindo :

  • Vesículas (bolhas) .

  • Pústulas (semelhantes a espinhas) no abdômen .

  • Hiperceratose (espessamento e endurecimento) das almofadinhas das patas e do nariz .

É importante notar que os sintomas iniciais podem ser facilmente confundidos com outras doenças . A progressão e a intensidade dos sintomas podem variar significativamente entre os cães . Se você observar algum desses sinais em seu cão, é fundamental procurar atendimento veterinário imediatamente .

Sintomas canina cinomose

Sequelas da cinomose em cachorro

cinomose canina é uma doença viral grave que afeta diversos sistemas do organismo do cão, como o respiratório, digestivo e, principalmente, o sistema nervoso. Mesmo quando o animal sobrevive à infecção, as sequelas podem ser permanentes e comprometer significativamente sua qualidade de vida.

Entre as sequelas mais comuns estão os sintomas neurológicos, que podem surgir mesmo após o fim da fase aguda da doença. Dentre eles, destacam-se:

  • Tremores involuntários nos músculos (especialmente na cabeça ou nas patas);

  • Convulsões e episódios epilépticos recorrentes;

  • Tiques nervosos ou espasmos;

  • Paralisia parcial ou total, afetando a locomoção;

  • Dificuldade de coordenação motora (ataxia), resultando em quedas frequentes;

  • Alterações comportamentais, como agressividade, apatia ou confusão.

Em casos mais graves, o animal pode também desenvolver cegueira, surdez ou dificuldades respiratórias crônicas, dependendo das áreas do corpo afetadas durante a infecção.

O tratamento das sequelas é geralmente voltado para o controle dos sintomas, com medicamentos e cuidados específicos, como fisioterapia e acompanhamento neurológico. Infelizmente, nem sempre é possível reverter os danos causados.

Cão “Dançando” Pode Ser Sequela da Cinomose

Você já viu um cão que parece estar “dançando”, com movimentos rítmicos e involuntários das patas ou do corpo? Esse comportamento, que pode parecer curioso ou até engraçado à primeira vista, na verdade pode ser uma sequela neurológica grave causada pela cinomose canina.

Após a infecção pelo vírus, mesmo que o cão sobreviva, ele pode apresentar espasmos musculares repetitivos ou movimentos involuntários semelhantes a um “bailar” — principalmente nas patas traseiras. Esses movimentos ocorrem sem controle do animal e não têm relação com brincadeiras ou felicidade: são resultado de danos causados ao sistema nervoso central.

Infelizmente, essas sequelas costumam ser irreversíveis, mas com cuidados adequados, o cão ainda pode levar uma vida com conforto. Em alguns casos, tratamentos como fisioterapia, medicação e acompanhamento veterinário ajudam a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do animal.

É importante entender que esse “dançar” não é normal nem divertido — é sinal de que o animal passou por uma doença séria. A melhor forma de evitar isso é através da vacinação, que é altamente eficaz na prevenção da cinomose.

Diagnóstico da Cinomose

O diagnóstico da cinomose é realizado pelo médico veterinário através da avaliação dos sinais clínicos, histórico de vacinação do animal e exames complementares. Testes como o PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) podem detectar o vírus em amostras de secreções ou sangue. Exames de sangue também podem auxiliar na avaliação geral da saúde do animal.

Tratamento da Cinomose Canina

Infelizmente, não existe um tratamento específico para eliminar o vírus da cinomose. O tratamento visa principalmente controlar os sintomas e oferecer suporte para que o organismo do cão possa combater a infecção. As abordagens terapêuticas podem incluir:

  • Terapia de suporte: Fluidoterapia para prevenir a desidratação e manter a hidratação.

  • Antibióticos: Para tratar infecções bacterianas secundárias que podem se aproveitar da debilidade do sistema imunológico.

  • Anticonvulsivantes: Para controlar convulsões e outros sinais neurológicos.

  • Medicamentos para controle de vômitos e diarreia: Para aliviar os sintomas gastrointestinais.

  • Fisioterapia: Em casos de sequelas neurológicas, a fisioterapia pode auxiliar na recuperação dos movimentos.

A hospitalização pode ser necessária em casos mais graves para oferecer os cuidados intensivos que o animal precisa.

Cinomose tem cura?

Muitos perguntam se Cinomose tem cura. A resposta é sim, o animal pode sobreviver a essa doença, mas a chance de sobrevivência e a recuperação dependem de diversos fatores, como a idade do animal, a cepa do vírus, a rapidez no diagnóstico e início do tratamento de suporte, e a resposta individual do sistema imunológico do cão.

Filhotes e cães com sistema imunológico debilitado geralmente têm um prognóstico mais reservado. Se o tratamento for instituído precocemente, especialmente antes do desenvolvimento dos sinais neurológicos graves, as chances de recuperação aumentam.

No entanto, mesmo que o cão sobreviva, é comum que ele desenvolva sequelas, principalmente neurológicas, que podem ser permanentes e afetar sua qualidade de vida. Portanto, embora a sobrevivência seja possível, a cinomose é uma doença grave com altas taxas de mortalidade e potencial para deixar sequelas significativas.

Cinomose pega em humanos? e em outros animais?

A cinomose canina é uma doença viral altamente contagiosa entre cães, mas não é transmissível para humanos. O vírus causador da cinomose (Morbillivirus) é específico dos cães e de alguns outros animais selvagens da mesma família, como raposas e lobos, mas não representa risco para pessoas.

Já em relação a outros animais domésticos, como gatos, a cinomose também não pega em gatos. Os felinos possuem uma doença semelhante chamada panleucopenia felina, que é causada por outro tipo de vírus (parvovírus felino). Ou seja, gatos não pegam cinomose de cães, pois trata-se de agentes infecciosos diferentes, mesmo que os sintomas possam lembrar um pouco em alguns casos.

Prevenção da Cinomose: A Melhor Abordagem

A principal forma de prevenir a cinomose é por meio da vacinação. A vacina da cinomose, tambem conhecida como múltipla V8 ou V10, protege contra a cinomose e outras doenças comuns em cães. É fundamental que os filhotes iniciem o esquema de vacinação a partir das 6 a 8 semanas de vida, com reforços indicados pelo médico veterinário. Cães adultos também devem manter as vacinas em dia com aplicações anuais.

Além da vacinação, evitar o contato com cães infectados ou de procedência desconhecida é importante, especialmente durante o período em que o animal ainda não está completamente imunizado. Ambientes públicos, como praças e pet shops, podem representar risco se houver cães doentes circulando. Por isso, o ideal é só expor o filhote a esses locais após o término do esquema vacinal.

A higiene do ambiente e dos objetos utilizados pelo cão (comedouros, bebedouros, brinquedos) também contribui para a prevenção, pois o vírus pode sobreviver por algum tempo fora do hospedeiro. Animais recém-adotados ou resgatados devem passar por avaliação veterinária antes de ter contato com outros cães.

Por fim, manter uma boa alimentação, vermifugação regular e visitas periódicas ao veterinário fortalece o sistema imunológico do cão, ajudando-o a resistir melhor a infecções.

A prevenção da cinomose é um ato de responsabilidade e amor. Com cuidados simples, é possível proteger o seu pet dessa doença devastadora.

Conclusão

A cinomose canina é uma doença grave, que causa profundo sofrimento tanto para o animal quanto para o tutor. Ela pode deixar sequelas neurológicas permanentes, comprometer a qualidade de vida do cão e, em muitos casos, levar à morte ou até à difícil decisão de realizar a eutanásia para evitar ainda mais dor. No entanto, é importante lembrar que a cinomose pode ser prevenida. Com a vacinação em dia e cuidados básicos de saúde, é possível proteger seu pet dessa ameaça. Prevenir é sempre o melhor caminho — um gesto de amor que pode salvar vidas.