Clamidiose em calopsita: entenda essa doença
Clamidiose em calopsita é uma doença grave também conhecida como Psitacose. Saiba como identificar, tratar e prevenir essa infecção respiratória em aves e zoonose.
Vet Alexandre Azevedo
4/22/20259 min ler


Clamidiose em Calopsitas: Entenda Essa Doença Silenciosa nas Aves
A clamidiose em calopsitas é uma das principais doenças em aves, especialmente nas espécies de psitacídeos. Também conhecida como clamidiose aviária ou psitacose, essa infecção pode afetar não só a saúde da sua calopsita, como também representar riscos aos seres humanos. Saber identificar os sinais, as formas de transmissão e como prevenir é essencial para garantir a saúde de calopsitas.
🦜 O que é clamidiose nas calopsitas?
A clamidiose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Chlamydia psittaci. Essa bactéria atinge principalmente as vias respiratórias, podendo afetar o fígado e outros órgãos internos. Entre as doenças respiratórias em aves, é uma das mais comuns e perigosas, devido à facilidade de transmissão e à dificuldade de diagnóstico precoce.
🔄 Como é transmitida a doença clamidiose calopsita?
A clamidiose, também conhecida como psitacose ou "febre dos papagaios", é uma doença infecciosa causada pela bactéria Chlamydia psittaci. Em calopsitas, a transmissão pode ocorrer de diversas maneiras:
Inalação de partículas infectadas: As calopsitas doentes liberam a bactéria em suas fezes secas, secreções nasais e oculares. Quando essas secreções secam e se tornam poeira, as partículas contendo a Chlamydia podem ser facilmente inaladas por outras aves saudáveis. Essa é uma das formas mais comuns de transmissão, especialmente em ambientes fechados com pouca ventilação.
Contato direto: O contato direto com aves infectadas, como durante o acasalamento ou através de bicadas e arranhões, também pode levar à transmissão da bactéria.
Ingestão de material contaminado: A ingestão de alimentos ou água contaminados com fezes ou secreções de aves doentes é outra via de infecção.
Transmissão vertical: Fêmeas infectadas podem transmitir a Chlamydia psittaci para seus filhotes através dos ovos.
É importante ressaltar que a clamidiose pode ser assintomática em algumas aves, o que significa que elas podem estar transmitindo a doença sem apresentar sinais clínicos óbvios. Por isso, medidas de higiene rigorosas e exames veterinários regulares são cruciais para prevenir e controlar a propagação da clamidiose em criadouros e lares com calopsitas.
🦠 O que causa clamidiose em calopsita?
A causa é a infecção pela bactéria Chlamydia psittaci. Ela pode permanecer latente no organismo da ave por longos períodos, se manifestando em situações de estresse, baixa imunidade ou más condições de manejo. Por isso, os cuidados com calopsitas são fundamentais para prevenir a ativação da bactéria.
Sintomas da clamidiose em calopsita
🚨 Sintomas de clamidiose em calopsitas
Os sintomas de clamidiose podem ser sutis no início, o que dificulta a detecção precoce. Fique atento a:
Os sintomas da clamidiose em calopsitas podem variar bastante, dependendo da cepa da bactéria Chlamydia psittaci, da idade, do estado imunológico da ave e da gravidade da infecção. Em alguns casos, a calopsita pode ser portadora da bactéria e não apresentar nenhum sintoma (infecção subclínica). No entanto, quando os sinais clínicos se manifestam, eles podem ser:
Sinais Inespecíficos (Comuns a várias doenças):
Letargia e depressão: A calopsita fica mais quieta, apática e com pouca ou nenhuma energia.
Perda de apetite (anorexia): A ave demonstra desinteresse pela comida e come menos ou para de comer.
Perda de peso: Mesmo comendo pouco, a perda de peso pode ser notável.
Plumagem eriçada: As penas ficam arrepiadas, mesmo em um ambiente com temperatura adequada.
Fraqueza: A calopsita pode ter dificuldade em se manter em poleiros ou voar.
Tremores: Podem ocorrer tremores em todo o corpo.
Desidratação: A pele pode parecer menos elástica e os olhos podem estar encovados.
Sinais Oculares e Nasais:
Secreção ocular: Pode variar de aquosa a espessa e purulenta, afetando um ou ambos os olhos.
Conjuntivite: Inflamação da membrana que reveste o olho e a parte interna das pálpebras, causando vermelhidão e inchaço.
Blefarite: Inflamação das pálpebras.
Secreção nasal: Corrimento nasal que pode ser claro, mucoso ou purulento.
Espirros: A ave pode espirrar com frequência.
Sinais Respiratórios:
Dificuldade respiratória (dispneia): A calopsita pode apresentar respiração ofegante, com esforço e ruídos anormais.
Respiração ofegante: A ave pode respirar com o bico aberto.
Sinais Gastrointestinais:
Diarreia: As fezes podem se tornar líquidas ou mais volumosas, e podem apresentar coloração anormal (esverdeada ou amarelada).
Êmese (vômito): A calopsita pode regurgitar ou vomitar.
Outros Sinais:
Alterações nas fezes: Além da diarreia, pode haver alterações na cor e na consistência das fezes.
Diminuição da produção de ovos: Em fêmeas, pode haver uma queda na postura.
Mortalidade neonatal: Filhotes podem morrer precocemente.
Sinais neurológicos (raros): Em casos mais graves, podem ocorrer convulsões ou outros sinais neurológicos.
É crucial procurar um veterinário especializado em aves assim que qualquer um desses sintomas for observado, pois a clamidiose pode ser grave e até fatal se não tratada adequadamente. Além disso, por ser uma zoonose, a clamidiose pode ser transmitida para humanos, sendo importante tomar precauções ao lidar com aves doentes.
🧪 Diagnóstico da clamidiose calopsita
O diagnóstico da clamidiose em calopsitas envolve uma combinação de avaliação clínica, histórico da ave e exames laboratoriais específicos. Devido à variedade de sintomas e à possibilidade de infecções subclínicas, apenas a observação dos sinais clínicos nem sempre é suficiente para um diagnóstico definitivo. O veterinário especializado em aves poderá utilizar as seguintes ferramentas para diagnosticar a clamidiose:
1. Avaliação Clínica e Histórico:
O veterinário irá realizar um exame físico completo na calopsita, observando os sinais clínicos que a ave apresenta (conforme descrito no texto anterior).
Será importante fornecer um histórico detalhado da ave, incluindo informações sobre sua origem, tempo de convívio com outros pássaros, possíveis exposições a aves silvestres, mudanças recentes no ambiente ou alimentação, e qualquer tratamento prévio realizado.
2. Exames Laboratoriais:
Os exames laboratoriais são cruciais para confirmar a presença da Chlamydia psittaci. Os métodos mais comuns incluem:
PCR (Reação em Cadeia da Polimerase): Este é considerado o método mais sensível e específico para detectar o material genético da bactéria em amostras biológicas. As amostras podem ser coletadas de fezes frescas, secreções oculonasais (através de swabs), ou sangue. O PCR pode identificar a presença da bactéria mesmo em pequenas quantidades.
ELISA (Ensaio de Imunoabsorção Enzimática): Este teste pode detectar anticorpos contra a Chlamydia psittaci no sangue da ave. No entanto, a presença de anticorpos indica exposição à bactéria, mas não necessariamente uma infecção ativa. Além disso, pode levar algumas semanas para que os anticorpos se tornem detectáveis após a infecção.
Imunofluorescência Direta: Esta técnica pode detectar a presença da bactéria em amostras de tecidos ou swabs corados com anticorpos fluorescentes específicos para a Chlamydia.
Cultura: O isolamento da Chlamydia psittaci em cultura celular é possível, mas é um método mais demorado e complexo, e nem sempre está disponível em todos os laboratórios.
Exame de fezes e o swab cloacal (coleta com cotonete da região da cloaca). Esses testes ajudam a detectar a presença da bactéria Chlamydia psittaci, causadora da clamidiose aviária.
Somente um veterinário com experiência em doenças em aves poderá conduzir o diagnóstico correto.
💊 Clamidiose em calopsita: tratamento
O tratamento para clamidiose deve ser feito com antibióticos específicos, geralmente à base de doxiciclina, por no mínimo 45 dias. Durante o tratamento, é essencial isolar a ave para evitar a propagação da bactéria.
A adesão ao tratamento é fundamental, pois a interrupção precoce pode provocar recaídas.
O tratamento da clamidiose em calopsitas é fundamental para eliminar a infecção bacteriana, aliviar os sintomas e prevenir complicações e a disseminação da doença para outras aves e até mesmo para humanos (já que é uma zoonose). O tratamento geralmente envolve o uso de antibióticos específicos, prescritos e monitorados por um veterinário especializado em aves.
Antibióticos:
Tetraciclinas: A doxiciclina é o antibiótico de escolha para o tratamento da clamidiose em aves. Ela é geralmente administrada por via oral, diretamente no bico da calopsita ou diluída na água de bebida ou em algum alimento palatável, seguindo rigorosamente a dose e a frequência prescritas pelo veterinário. A duração do tratamento costuma ser longa, variando de 30 a 45 dias, dependendo da gravidade da infecção e da resposta da ave ao medicamento. É crucial completar todo o ciclo de tratamento, mesmo que a calopsita apresente melhora dos sintomas antes do término, para garantir a erradicação completa da bactéria.
Medicações de Suporte:
Além do antibiótico, o veterinário pode prescrever medicações de suporte para ajudar a calopsita a se recuperar e aliviar os sintomas:
Fluidos: Se a calopsita estiver desidratada, a fluidoterapia (administração de fluidos por via oral, subcutânea ou intravenosa) pode ser necessária para restabelecer o equilíbrio hídrico.
Suplementação nutricional: Em casos de perda de apetite e peso, suplementos vitamínicos e energéticos podem ser recomendados para auxiliar na recuperação e fortalecer o sistema imunológico.
Anti-inflamatórios: Em situações de inflamação ocular ou respiratória, anti-inflamatórios podem ser utilizados para aliviar o desconforto, sempre sob orientação veterinária.
Tratamento sintomático: Se houver secreção ocular ou nasal, o veterinário pode recomendar a limpeza suave da região com soluções apropriadas. Em casos de dificuldade respiratória, pode ser necessário o uso de nebulização com medicamentos específicos.
Importância do Acompanhamento Veterinário com experiência em doenças em aves:
É fundamental que o tratamento da clamidiose seja acompanhado de perto por um veterinário especializado em aves. Ele poderá monitorar a resposta da calopsita ao tratamento, ajustar a dose ou o tipo de antibiótico se necessário, e realizar exames de acompanhamento (como PCR) para confirmar a eliminação da bactéria após o término do tratamento.
⚠️ Clamidiose de calopsita pega em seres humanos?
Sim, a clamidiose ou psitacose em aves pode ser transmitida para seres humanos. Em humanos, a doença causada por essa bactéria é conhecida como psitacose ou "febre dos papagaios". Trata-se de uma zoonose, ou seja, uma doença que pode ser transmitida de animais para pessoas.
A transmissão da Chlamydia psittaci de calopsitas para humanos geralmente ocorre através da inalação de poeira contaminada com fezes secas, secreções respiratórias ou outras secreções de aves infectadas. O contato próximo com aves doentes, como manuseio das penas ou bicadas, também pode ser uma via de transmissão, embora menos comum.
Sintomas da psitacose em humanos:
Os sintomas da psitacose em humanos podem variar de leves a graves e geralmente aparecem dentro de 5 a 15 dias após a exposição à bactéria. Os sintomas mais comuns incluem:
Febre alta
Calafrios
Dor de cabeça intensa
Dores musculares
Tosse seca
Cansaço e fraqueza
Em casos mais graves, a psitacose pode levar a complicações como pneumonia, inflamação do fígado ou do coração, e, raramente, meningite ou encefalite.
✅ Prevenção da clamidiose em calopsitas
A prevenção da clamidiose em calopsitas é crucial para manter a saúde de suas aves e evitar a propagação dessa doença infecciosa, que, como vimos, também pode afetar humanos. Adotar medidas preventivas eficazes é a melhor forma de proteger suas calopsitas. Aqui estão algumas dicas importantes e cuidados com calopsitas:
1. Quarentena para Novas Aves:
Ao adquirir uma nova calopsita, isole-a das outras aves que você já possui por um período mínimo de 30 a 45 dias.
Durante a quarentena, observe atentamente a nova ave em busca de qualquer sinal de doença (letargia, perda de apetite, secreções, problemas respiratórios, etc.).
Idealmente, leve a nova calopsita a um veterinário especializado em aves para um exame completo.
2. Higiene Rigorosa:
Limpeza diária da gaiola: Remova diariamente as fezes, restos de comida e outras sujidades da gaiola. Utilize água quente e sabão para limpar comedouros, bebedouros e poleiros.
Desinfecção regular: Semanalmente, ou com maior frequência se necessário, desinfete a gaiola e os acessórios com produtos adequados para uso veterinário ou soluções de hipoclorito de sódio diluído (seguindo as instruções de uso e enxaguando bem após a aplicação para remover resíduos).
Evite levantar poeira: Ao limpar a gaiola, procure umedecer as fezes secas e outros materiais antes de removê-los para minimizar a dispersão de partículas no ar que podem conter a bactéria.
Lave as mãos: Lave sempre bem as mãos com água e sabão após manusear suas calopsitas, limpar a gaiola ou entrar em contato com qualquer material da ave.
3. Boa Ventilação:
Mantenha o ambiente onde as calopsitas vivem bem ventilado. A boa circulação do ar ajuda a reduzir a concentração de partículas potencialmente infecciosas no ambiente. Evite locais fechados e abafados.
4. Evitar Superlotação:
Não mantenha um número excessivo de aves em um espaço limitado. A superlotação pode aumentar o estresse e facilitar a propagação de doenças.
5. Evitar Contato com Aves Silvestres:
Evite o contato direto ou indireto de suas calopsitas com aves silvestres, pois elas podem ser portadoras de diversas doenças, incluindo a clamidiose. Não coloque gaiolas em áreas onde aves selvagens possam ter acesso e evite usar objetos (como galhos) que possam ter sido contaminados por elas.
Se você ama sua calopsita, não ignore sinais de doença. A clamidiose em calopsitas pode ser silenciosa, mas quando diagnosticada e tratada a tempo, é possível garantir uma boa qualidade de vida para sua ave.

