Dirofilariose: o perigoso verme do coração em cães
Dirofilariose canina, conhecida como verme do coração, é uma doença grave em cães e gatos. Descubra sintomas, tratamento eficaz e como manter seu pet protegido
Vet Alexandre Azevedo
4/24/20256 min ler


Dirofilariose: saiba o que é a doença
A dirofilariose, também conhecida como "verme do coração", é uma doença grave causada pelo parasita Dirofilaria immitis. Esse verme se aloja no coração, pulmões e vasos sanguíneos de cães e, menos frequentemente, de gatos, podendo levar a complicações cardíacas e respiratórias severas. A transmissão ocorre pela picada de mosquitos infectados.
Transmissor da dirofilariose
A dirofilariose canina, também conhecida como a "doença do verme do coração", é transmitida por diversas espécies de mosquitos. Os principais vetores pertencem aos gêneros Culex, Aedes (inclusive o Aedes aegypti, transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya), Anopheles e Ochlerotatus.
É importante ressaltar que a ocorrência da dirofilariose e a presença dos mosquitos transmissores são mais comuns em regiões de clima quente e úmido, onde a proliferação dos mosquitos é favorecida. A prevenção, através do uso de medicamentos profiláticos recomendados por um veterinário, é a melhor forma de proteger os cães dessa doença grave.
Aedes aegypti - um dos transmissores do verme do coração - Fonte - Animalia
Conhecendo o ciclo da dirofilariose
O ciclo de transmissão da dirofilariose se inicia quando um mosquito pica um cão infectado e ingere as microfilárias (larvas jovens do verme) presentes no sangue. Dentro do mosquito, as microfilárias passam por um processo de desenvolvimento que dura cerca de 10 a 14 dias, dependendo da temperatura e umidade do ambiente. Ao picar um novo cão, o mosquito infectado introduz as larvas infectantes (agora em um estágio mais avançado) na corrente sanguínea do animal.
Essas larvas migram pelo corpo do cão até atingirem o coração e os vasos pulmonares, onde se desenvolvem em vermes adultos. Os vermes adultos podem viver até 5 a 7 anos dentro do cão, causando sérios danos ao coração, pulmões e vasos sanguíneos, levando a sintomas como tosse, dificuldade respiratória, fadiga, perda de peso e, em casos graves, insuficiência cardíaca e morte.
Microfilaria (Dirofilaria immitis) exame de sangue - Fonte Wikimedia
Felinos podem ser acometidos?
Sim, felinos também podem ser acometidos pela dirofilariose, embora com menor frequência que os cães. Em gatos, a doença costuma ser mais difícil de diagnosticar, pois eles geralmente abrigam poucos vermes. Ainda assim, os efeitos podem ser graves, incluindo inflamação pulmonar intensa e até morte súbita.
Dirofilariose pega em humano?
Apesar de raro, a dirofilariose pode afetar humanos de forma acidental. Nesses casos, o parasita não completa seu ciclo e geralmente forma nódulos pulmonares benignos. A infecção humana não é comum, mas reforça a importância da prevenção.
Sintoma da dirofilariose em humanos
Na maioria dos casos, a infecção é assintomática e descoberta por acaso, durante exames de imagem feitos por outros motivos. Quando há sintomas, eles geralmente estão relacionados a manifestações pulmonares ou cutâneas:
Regiões endêmicas no Brasil
No Brasil, a dirofilariose é considerada endêmica em regiões litorâneas e de clima quente e úmido, especialmente:
Região Sudeste (Rio de Janeiro, Espírito Santo)
Região Sul (Santa Catarina)
Região Nordeste (Bahia, Pernambuco)
A presença constante de mosquitos favorece a disseminação da doença nessas áreas.
Verme do coração em um coração canino (Dirofilaria immitis) - Fonte Wikimedia
Principais sintomas da doença do verme do coração
Nos cães, os sintomas da dirofilariose incluem:
Tosse seca e persistente
Um dos primeiros sinais. A tosse tende a piorar após exercícios.Fadiga e intolerância ao exercício
O cão se cansa com facilidade e evita atividades físicas que antes fazia normalmente.Perda de peso e apetite
Com a progressão da doença, o animal pode começar a comer menos e perder peso.Dificuldade respiratória
O comprometimento pulmonar pode levar à respiração ofegante ou acelerada.Barriga inchada
Pode ocorrer acúmulo de líquido na cavidade abdominal (ascite), indicando insuficiência cardíaca direita.Desmaios ou colapsos
Em casos mais graves, o cão pode ter episódios de síncope devido à má oxigenação.Gengivas pálidas ou azuladas (cianose)
Indicam má oxigenação do sangue, sinal de avanço da doença.
Em gatos, os sintomas podem variar bastante, mas incluem:
Tosse ou chiado
Vômito
Perda de apetite
Letargia
Morte súbita (em casos graves)
Diagnóstico da dirofilariose em gatos e cães
Os cães são os hospedeiros naturais da dirofilariose, e por isso costumam apresentar uma carga maior de vermes. O diagnóstico é feito com base em:
Testes de antígeno: Detectam proteínas produzidas pelas fêmeas adultas do parasita no sangue. É o exame mais utilizado.
Exame de microfilárias: Pesquisa a presença de larvas (microfilárias) no sangue por meio de testes como o teste de Knott ou esfregaço sanguíneo.
Exames de imagem:
Raio-X de tórax: Avalia alterações nos pulmões e coração.
Ecocardiograma: Permite visualizar os vermes dentro do coração e vasos.
Exames laboratoriais complementares: Como hemograma e bioquímica, para avaliar o estado geral do animal e função de órgãos.
Tratamento da dirofilariose em gatos e cães
O tratamento da dirofilariose em cães é complexo e envolve medicamentos que eliminam os vermes adultos, além de acompanhamento veterinário rigoroso. Já nos gatos, não há tratamento específico aprovado para eliminar os vermes, sendo adotada uma abordagem de suporte e controle dos sintomas.
Tratamento em CÃES
O tratamento da dirofilariose em cães é possível e segue um protocolo bem definido, que busca eliminar os vermes adultos e as microfilárias, ao mesmo tempo em que protege o animal de complicações.
Etapas principais do tratamento no cão:
Avaliação clínica completa:
Exames de sangue, radiografias e ecocardiograma para avaliar a gravidade da infecção e o estado do animal.Estabilização inicial (se necessário):
Em casos graves, é preciso estabilizar o cão antes de iniciar o tratamento com vermicidas, com o uso de anti-inflamatórios, diuréticos e repouso absoluto.Tratamento adulticida:
Utiliza-se geralmente a melarsomina, um medicamento injetável que mata os vermes adultos. O protocolo pode incluir 2 ou 3 aplicações, dependendo do caso.Tratamento contra microfilárias:
Após o adulticida, são usados medicamentos como ivermectina para eliminar as microfilárias.Restrição de exercícios:
Durante todo o tratamento, é fundamental manter o cão em repouso para evitar tromboembolismo pulmonar, uma complicação grave causada pela morte dos vermes.Prevenção contínua:
Após o tratamento, o uso de preventivos mensais deve ser mantido para evitar nova infecção.
A dirofilariose canina tem cura?
Sim, a dirofilariose canina tem cura, mas o tratamento exige cuidado e acompanhamento veterinário rigoroso. Quando diagnosticada precocemente, as chances de sucesso são maiores. O tratamento envolve medicamentos específicos para eliminar os vermes adultos e as microfilárias, além de repouso absoluto durante o processo para evitar complicações. Apesar disso, a melhor forma de proteger seu cão continua sendo a prevenção, que é simples, eficaz e segura.
Prevenção da dirofilariose
A prevenção consiste no uso regular de medicamentos que eliminam as larvas do parasita antes que elas se desenvolvam e causem danos ao organismo do animal. As opções incluem:
Comprimidos mensais
Antiparasitários orais que devem ser administrados uma vez por mês, conforme indicação do veterinário.
Pipetas (tópicos) mensais
Aplicadas na pele, protegem contra a infecção e, em alguns casos, também contra outros parasitas.
Injeção de longa duração (prevenção anual)
Aplicada por um veterinário, oferece proteção por até 12 meses. Ideal para quem busca praticidade e segurança.
Importância do teste antes de iniciar a prevenção
Antes de iniciar a prevenção (especialmente em cães adultos ou que nunca usaram), é fundamental realizar um teste de sangue para verificar se o animal já está infectado. Isso evita complicações em caso de infecção já presente.
Outras dicas importantes
Evite exposição aos mosquitos, especialmente ao entardecer e à noite, mantendo o cão em locais telados e limpos.
Use repelentes específicos para cães, se recomendado por um veterinário.
Mantenha a prevenção durante todo o ano, mesmo em estações mais frias, pois mosquitos podem estar ativos em ambientes quentes ou úmidos.





