Peixes Geneticamente Modificados: Beleza e Risco Ambiental

Peixes Geneticamente Modificados: Beleza e Risco Ambiental

Os peixes geneticamente modificados (GM), com suas cores vibrantes e brilho fluorescente, conquistaram o mercado de aquarismo. No entanto, a beleza desses animais esconde um debate acalorado sobre os riscos ambientais e a legalidade de sua comercialização no Brasil.

O que são Peixes Geneticamente Modificados?

Peixes geneticamente modificados (GM) são aqueles que tiveram seu DNA alterado por meio de técnicas de engenharia genética. Essas modificações são feitas para conferir características específicas, como crescimento acelerado, resistência a doenças ou cores vibrantes e fluorescentes.

Os primeiros peixes GM foram desenvolvidos para pesquisa científica, mas atualmente também são utilizados na aquicultura e no mercado de peixes ornamentais. Um exemplo famoso é o GloFish, um grupo de peixes fluorescentes que receberam genes de águas-vivas ou anêmonas para brilhar sob luz ultravioleta.

Na aquicultura, um dos exemplos mais conhecidos é o salmão transgênico, que cresce em menos tempo do que um salmão selvagem, aumentando a produção de alimentos. Entretanto, esses organismos geram debates sobre biossegurança, impacto ambiental e regulamentações, que variam conforme o país.

Operação Quimera Ornamentais-Acari: Um Alerta

Em 2024, a Operação Quimera Ornamentais-Acari, realizada pelo Ibama, apreendeu quase 60 mil peixes geneticamente modificados em sete estados brasileiros e no Distrito Federal. A ação revelou um esquema de comercialização ilegal desses animais, que não possuem liberação comercial da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), conforme exigido pela legislação brasileira.

No Brasil, a comercialização de peixes ornamentais geneticamente modificados é proibida pela legislação vigente. A Lei nº 11.105/2005 estabelece que qualquer organismo geneticamente modificado (OGM) deve passar por uma avaliação de biossegurança realizada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) antes de ser liberado para importação, manutenção ou comércio. Como os peixes ornamentais transgênicos não possuem essa liberação, sua comercialização é considerada ilegal.

Peixe geneticamente modificado - fonte IBAMA

A História da GloFish

A empresa americana GloFish é pioneira na produção de peixes ornamentais geneticamente modificados. Através da inserção de genes de água-viva e coral em peixes como o paulistinha (Danio rerio), tetra-negro (Gymnocorymbus ternetzi) e barbo sumatrano (Puntigrus tetrazona), a empresa criou variedades com cores fluorescentes que brilham sob luz ultravioleta. Esses peixes foram desenvolvidos utilizando tecnologia de biotecnologia genética, incorporando genes de organismos marinhos bioluminescentes.

Tetra negro modificado . Fonte animalia

Tetra negro normal Fonte animalia

Paulistinha modificado - fonte wikimedia

barbo sumatrano modificado

Barbo sumatrano normal - fonte wikimedia

O objetivo inicial dessa tecnologia era criar peixes que pudessem detectar poluentes na água, mas logo a GloFish percebeu seu potencial no mercado de aquarismo. Hoje, os peixes da marca estão disponíveis em diversas cores, como vermelho, verde, azul e roxo, e brilham sob luz ultravioleta, tornando-os extremamente populares entre aquaristas.

Riscos Ambientais e Legais

A comercialização de peixes GM no Brasil é proibida desde 2018, devido aos riscos ambientais associados à sua introdução em ecossistemas naturais. A fuga ou liberação desses animais em rios e lagos pode causar desequilíbrio ecológico, com impactos imprevisíveis na fauna e flora nativas.

Além disso, a falta de estudos aprofundados sobre os efeitos a longo prazo da modificação genética em peixes levanta preocupações sobre a segurança ambiental e a saúde humana.

O Debate Continua

Enquanto a beleza e a novidade dos peixes GM atraem muitos aquaristas, a comunidade científica e órgãos ambientais alertam para os riscos e a ilegalidade de sua comercialização no Brasil. A Operação Quimera Ornamentais-Acari serve como um lembrete da importância de regulamentações rigorosas e da conscientização sobre os impactos da biotecnologia no meio ambiente.